Quanto tempo sem escrever aqui, falta inspiração pra pensar numa coisa bacana pra se dizer. Hoje por algum motivo estranho me veio à mente esse poema, que eu acho incrível, de Vinícius de Moraes. Vou te confessar que nunca fui do tipo que é fã de banda, autor, diretor,… Em hipótese alguma! Nunca soube dizer em ordem cronológica os cds das bandas que geralmente escuto, nem todas as suas obras. Sempre fui mais superficial no que diz respeito à isso, eu gosto daquilo que de certa forma me chama a atenção positiva e negativamente mesmo que de forma efêmera. Por causa disso se você me questionar as obras de Vinícius com certeza irá se frustrar pois delas não conheço muitas, mas as que conheço gosto demais e fico feliz se assim houver indicações de outras coisas similares para eu ler, dificilmente dispenso novidades. E isso funciona pra qualquer área de conhecimento da vida.
Esse poema sempre me marcou, acho ele foi escrito com uma sinceridade que só Vinícius de Moraes saberia transmitir em formas de palavras, sem hipocrisias. Aliás quem já viu o documentário (que recentemente alguém me fez lembrar dele) sabe do que estou falando, se tinha uma coisa que ele gostava era de mulher (e de álcool mas isso não vem ao caso) e com o dom da palavra ele teve várias delas na vida. Só ele pode dizer de forma tão bruta mas ao mesmo tempo mansa que prefere mulheres belas. Arrisco dizer que um cara, ou por que não uma moça, que souber declamar de forma correta uma obra dele é capaz de conseguir qualquer pessoa que quiser. Sem mais delongas coloco aí embaixo trechinhos do receita de mulher – que você pode ler completo aqui – só não coloco ele todo por que ele é enorme daí pode ser cansativo)
Receita de mulher
As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
(…)
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado.
(…)
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se se fechar os olhos
Ao abri-los ela não mais estará presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.
Beijos gente!
Bônus pra quem gosta do lado meio alcoólatra do Vínicius, uma poeminha curtinho porém clássico dele!